Friday, 19 de April de 2024

Mais de trinta

Arrepia, X-9!

X-9 Paulistana

Tudo começou em julho de 2004. Uma amiga, a Rosa Marcondes, me convidou para ir à quadra da X-9 Paulistana, em Sampa. Explicou-me que a escola iria homenagear a dupla Chitãozinho e Xororó, cuja biografia escrevi em 2001. Totalmente alheia a esse universo momístico, fui ao ensaio e tive uma das maiores surpresas da minha vida: o enredo do então carnavalesco Lucas Pinto foi baseado no meu livro Nascemos para Cantar. Uau! Chorei de emoção, de verdade.


Nunca imaginei ver um texto meu escrito preto no branco ganhar cores, fantasias, ritmo, alegorias e coreografia sob medida. Tudo isso em pleno Anhembi, na noite de 5 de fevereiro

de 2005. Mas até o desfile um longo caminho foi percorrido. Acompanhei o trabalho do barracão, em que carros são criados do zero, do ferro.

Nos ateliês, as máquinas, tesouras e agulhas não pararam um segundo sequer. Na quadra, os harmonias ensinaram o canto e a dança aos foliões, que se misturaram às baianas, à velha guarda, às crianças, à comissão de frente, aos chefes de ala, às passistas, aos compositores e aos casais de mestre-sala e porta-bandeira, enquanto o time de canto soltava a voz. E que voz: a do Royce do Cavaco, para mim, a melhor do carnaval paulistano!

Todo ensaio era uma grande festa, com todos embalados pela bateria. Ah, a bateria! Só de lembrar, meu coração dispara. Sempre me emocionei com a garra daqueles ritmistas que batiam no peito e diziam: Eu sou X-9 Paulistana.

E a partir daí eu sou X-9 Paulistana, a escola que me “escolheu” e acolheu. Bati no peito, defendi o pavilhão, entrei no Sambódromo conduzindo carros alegóricos, orientando foliões.

Perdi a conta de quantos ensaios participei, de quantos amigos recebi orgulhosamente na

quadra e de quantas matérias coordenei como Diretora de Imprensa da comunidade. Chorei,

briguei, torci, vibrei, comemorei, aprendi muito, conheci pessoas maravilhosas, que me mostraram o verdadeiro carnaval: o da determinação, o da dedicação, o da fé, o do talento!

 Depois de oito anos, não “estou” mais diretora, mas continuo X-9. E sei que nesta sexta-feira,

28 de fevereiro, muitos desses amigos queridos estarão no Anhembi dando o seu melhor pela agremiação verde-vermelho-branco da Zona Norte. Fecho os olhos e consigo escutar o locutor oficial, o Mestre Sabu, dizendo: “X-9 Paulistana, a passarela do samba é sua. Arrepia, rapaziada”.

É isso, X-9! Arrepia, arrebenta, canta muito, dance mais ainda! O show tem de continuar!

Sempre!

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