Thursday, 18 de April de 2024

Mais de trinta

Avessa aos paradigmas

Meu corpo minhas regras

Sinto muito pelos que julgam as pessoas, mas vocês não sabem o que estão perdendo!

Eu tenho trinta anos e até hoje não entendo o porque de tanto alarde em torno do comportamento de uma mulher. Muito antes de conhecer o que prega o Feminismo, sempre achei que se a vida é tua, o corpo é teu e você não está invadindo o espaço de ninguém, você pode fazer o que quiser, sem tentar acompanhar todos os paradigmas que nos cercam. Desde que saiba arcar com as consequências dos teus atos, é claro.


Por esse pensamento ”liberal” e por sempre ter tido mais amigos homens do que mulheres, nunca tive uma fama que deixasse meus pais orgulhosos de mim. Não sei entre os conhecidos de vocês, mas entre os meus, os que mais ”aprontavam” foram os que nunca tiveram a tal ”má fama”. Se eu tivesse aprontado tudo o que já falaram por aí, acho que nem estaria aqui pra poder contar essas coisas pra vocês!

As más línguas nunca me atingiram. Já me irritei algumas vezes, porque acho que cada um tem mais é que cuidar da própria vida, mas nada que me impedisse de sair de casa e dar minha cara à tapa pra sociedade. Sempre soube o que meus atos eram capazes de proporcionar por aí, e sempre achei que tudo é uma questão de percepção.

Depois das teorias que ouvi durante esses trinta anos, cheguei à conclusão que vou ter que assumir: sou biscate, puta e vadia (de acordo com os parâmetros impostos pela sociedade – pelo menos a que está a minha volta). Ouvi, quase que com unanimidade, que mulher que dá na primeira noite é vadia, as que são adeptas ao sexo anal, na primeira, na segunda ou em qualquer outra noite, então… (porque sexo anal é sujo e humilhante!). Ouvi também que chupar um bom pau até é aceitável, mas engolir a porra, por favor, né? É coisa de prostituta!

Passei por quatro fases diante desses comentários: a ‘Deixa eu ficar quieta, senão perco as amizades!’, outra tipo ‘OMG, como eu sou suja!’, passei por ‘Vish, dava pra eu ganhar a maior grana com isso!’ e a atual de ‘Minha gente! Vocês não sabem o que estão perdendo!’.

Me libertei de tudo isso quando ME conheci e assumi o que eu gosto e o que eu quero. Sempre conversei comigo mesma diante da possibilidade de um sexo casual, principalmente o de primeira noite: “Ta afim? Vá e faça! Mas já que ta fazendo, faça com vontade. Já que tirou a roupa, minha filha, não tem mais o que esconder! O que ele vai pensar? Bem, amanhã talvez ele pense que você é uma vadia e que faz isso com todo cara com que sai, de repente ele vai reunir os amigos e contar se você gemeu, as posições em que se aventuraram ou ainda, pode ser que ele te ligue pra dizer que a noite foi maravilhosa e perguntar quando vão repetir”.

… E respondia pra eu mesma:

“Pois é! Se eu to afim, vou fazer, se ele pensar esse tipo de coisa, que saiba pelo menos o que fazer com uma mulher na cama, assim a noite terá valido a pena, se contar pra alguém, espero que seja somente elogios e se quiser repetir, ótimo! Começamos bem!”.

Erra-se por não respeitar as próprias vontades.

Tá cheio de mulher que adora dar de quatro fazendo papai e mamãe, com medo de parecer vulgar.

Cheio de cara querendo um fio terra e deixando quieto com medo dela achar que ele é gay.

Preocupar-se com o que o outro vai pensar é mais broxante que mulher que morde a glande ou cara que lambe o clitóris parecendo uma lesma epilética!

Sendo assim, sinto muito pelos que julgam pessoas como eu, mas VOCÊS NÃO SABEM O QUE ESTÃO PERDENDO!

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