Existe uma sensação comportamental mais estranha que a indiferença? Alguém sentir indiferença por você é algo que chega a ser mórbido e quando se tem carinho pela outra pessoa, então, é o fim! Porém o mais estranho que envolve tudo isso é o luto de pessoa viva!

“Credo!”, alguns devem exclamar, mas é real e existe o tempo todo em nossa vida, dentro da gente ou para com a gente. Do que se trata isso? Ninguém deseja ser triste ou viver coisas tristes, mas existem sim muitos momentos e pessoas que proporcionam os citados e, então, vamos seguindo protagonizando inúmeros lutos de defunto vivo!

No quesito pretensão de futuro, um adolescente quando questionado diz sem pestanejar que deseja ter o melhor e aproveitar bem a vida. Uma criança quer crescer. Um idoso quer ter fim

de vida com saúde… por aí vai! Mas o que deseja um adulto?

No geral, ter uma boa condição financeira, um casamento feliz e para sempre, filhos saudáveis e ainda assim aproveitar o melhor que a vida pode oferecer. Questionei uma pessoa próxima a mim, tão próxima que às vezes acho que fui eu mesma, sobre o que deseja da vida e ela me respondeu, categoricamente: desejo ela, somente!

Então, minha cabecinha começou a dar voltas…

Fiquei encantada com essa frase, nunca vi ninguém responder assim tão humilde e lucidamente a uma questão que tem uma vastidão gigantesca de possibilidades de respostas. Muitas pessoas que conheço vivem em busca de um grande amor, em busca de amigos verdadeiros, de bens materiais, em buscas infindáveis. E ao mesmo tempo estas mesmas pessoas não sabem aproveitar as oportunidades que param na sua frente com plaquinha auto explicativa: “Hei! Estou aqui! Para de olhar através”.

Estamos tão acostumados a esperar o cavalo encilhado passar que ficamos tensos, “será que passou? Será que minhas esporas, rédeas e chicotes são os adequados…” e é isso: esperamos um cavalo com esporas nos pés e chicotes nas mãos. Se esse cavalo for um tiquinho esperto ele passa longe! Pocotó, pocotó… Lá se foi o cavalinho!

E aí a vida vai passando, esquecemos de todo o resto: as ovelhinhas, cabras, grilos, gafanhotos… Só interessa o lendário CAVALO. Eita! E será que você pertence ao mundo equino?

Eu mesma acho que pertenço ao mundo dos lagartos e vou me adaptando ao que a vida me mostra. Dói tanto quando uma lagartixinha do meu quintal de amigos desaparece. Quando um crocodilo me trata como lagartixa. E aí vamos criando mais algumas ótimas formas de achar cabelo em cabeça de calango e matamos a criatura em vida! Matamos dentro de nós, sofremos, remoemos, mas matamos! Um dia ela morre! Tem que morrer. Até lá é um ‘mi mi mi’ sem fim, um velório chato e em alguns casos é velório de vida inteira.

Quando conseguimos enfim enterrar o morto dentro de nós, a sensação de alívio se dá pela superação, porque essa morte é uma opção nossa e ela já foi definida e reafirmada que é necessária! E vamos pra frente matando um aqui outro ali, e sendo mortos por tantos outros!

Somos cemitérios ambulantes!

Quanta lápide velha, quanta sepultura tomando espaços de luz – daqui a um tempo vamos nos deparar com sarcófagos e múmias circulando dentro das veias. Cruzes!

Eu tenho uma proposta: vamos fazer uma faxina dentro de nós? Vale alertar que pode ser a faxina mais difícil de todas, teremos que disputar terreno com raízes para retirar tanta coisa amorfa e ressentida! Aqui não adianta espanador e nem vassoura, a maquiagem já foi usada por muitos anos. As ferramentas serão enxada, pá e muitos e muitos sacos de lixo!

Ah e tem que tomar cuidado também com o descarte deste lixo, não coloque em qualquer lugar. Recicle o que for possível e jogue o restante em local seguro que seja do lado de fora de você.

Faça uma faxina ecologicamente correta, por favor! Não vá danificar ainda mais o seu planeta!

Mas, falando novamente do cavalo… Li um pensamento da colega sentada à minha frente: “Será que essa ‘peste’ é alado e por isso não chegou?” Bom, o que sei, cara colega, é que pode-se ser bem feliz com tantos outros formatos de propostas e pessoas. Observe melhor os sapos, corujas, ogros e minhocas… se permitir, eles te darão muitos motivos para sorrir!

Acredite!

Beijo da camaleoa!

 

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