28 de fevereiro de 2014 Enviado por Beni Domingues beni-domingues colunistas brasil futebol galatasaray morte santos São Paulo torcidas organizadas turquia violência
A Copa é aqui. A violência também
Ao contrário do que acontece no Brasil, onde torcedores estão espalhados por todas as cidades e bairros, em alguns países as torcidas ficam concentradas em determinadas áreas. Na Turquia, mais precisamente em Istambul, os três grandes tem seus territórios bem demarcados: Fenerbahçe, Galatasaray e Besiktas vivem cada um em seu próprio canto. São nomes de bairros, inclusive. O Fener fica do lado europeu da capital turca, os outros dois estão no lado asiático.
Lá a paixão é tão doentia que até mesmo o McDonald’s precisou repintar a fachada das lojas na região de Besiktas. Como mostra o jornalista Gustavo Hofman, em excelente reportagem no site da ESPN. Como o padrão da rede de fast-food remete ao rival Galatasaray, um fundo cinza ou preto prevalece sobre pontos isolados em amarelo ou vermelho. Nada de juntar as duas cores. A receita é de rivalidade plena, às vezes transformada em ódio.
Foi o ódio que levou torcedores do Galatasaray a esfaquearem um inglês fã do Chelsea, pouco antes da partida pela Champions League. Não muito diferente do que vimos quando com barras de ferro e pauladas alguns membros de uma organizada do São Paulo assassinaram um torcedor do Santos. Tudo muito parecido com o que alguns corintianos fizeram na Bolívia, com fogos de artifício. Ou dia desses, no CT do clube, invadindo, ameaçando, botando banca, na base do “é nóis mano”.
São corajosos em bando, perigosos em grupo, assassinos em potencial, como se aquela paixão lhes desse o direito de escolher quem deve viver.
Em ano de Copa, quando muitos querem celebrar o jogo, fica difícil pensar só nele. Claro que no caso das seleções o clima é outro, a torcida é outra. Mas tudo parte do futebol. Esporte capaz de escrever páginas fabulosas, pontuadas por tragédias e comportamentos absolutamente desprezíveis.
Problema do Estado? Falta de educação? Caso de polícia? Culpa dos próprios clubes? Impunidade? São muitas as interrogações. Na Inglaterra a fase hooligan já foi superada. Algumas das perguntas acima os ingleses conseguiram responder. Na Turquia ainda não. E nós, mano, responderemos quando?
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