12 de maio de 2014 Enviado por Zilda Mariano colunistas zilda-mariano amor casamento desafios família filho filhos mãe maternidade relação união vida
Filhos: o nosso desafio é superar o desafio deles
Desde que nos mudamos para o lado do parque de Águas Claras (para quem não é de Brasília, Águas Claras é uma cidade vertical, praticamente construída em volta do parque e da linha do metrô), um dos passeios prediletos em família é andar de bicicleta por lá e dar migalhas de pão aos patos. Os meus filhos ficam em verdadeiro êxtase, quando o pai ou eu conseguimos tirar um tempo para ir com eles.
Há uns dois meses, num domingo, cheguei do trabalho morrendo de sono, então o meu marido resolveu fazer este programa com os nossos filhos, e assim, resolver dois problemas: eu poderia dormir alguns minutos, e os meninos se divertiriam um pouco, fugindo do tédio de ter 7 e 4 anos vivendo num apartamento. Nem chegaram direito, e o caçula perde o controle da bicicleta numa descida, leva um tremendo tombo, que rendeu um corte profundo no queixo, muitos arranhões e hematomas, e de quebra, deixou o Arthur completamente traumatizado e a mamãe bastante apavorada, a ponto de não querer mais que ele tentasse nada (medo obviamente camuflado).
Desde então, tentamos algumas vezes organizar o passeio, mas ele sempre arrumava uma desculpa para não usar a bike, “prefiro os patins”, “quero jogar bola”, “estou assistindo filme”, enfim, qualquer coisa, menos usar a magrela. Hoje foi o dia.
Resolvemos ir no fim da tarde, e ele já foi ficando tenso, prometi que não sairia do lado dele, e enfim, tivemos a ideia de prender a corda de pular na bicicleta, que seria um “freio adicional”, dessa vez, controlado pela mamãe. Fomos. Na frente, o irmão mais velho e o pai, ficamos só nós dois. No começo, ele queria desistir, freava o tempo todo, garanti mais uma vez que não iria a lugar nenhum, e que a corda nos manteria juntos. Ele foi, pedalada a pedalada, se aproximando do lugar do acidente, que também fica perto dos patos. Conforme nos aproximávamos, ele ia aumentando a velocidade, e me contando a versão dele da história. Depois que atravessamos a ponte, ele gritou, comemorando, “mãe, eu superei o meu medo!!!”, a corda continuou lá, mas nem foi mais usada.
Essa tarde, vivenciei uma importante lição de maternidade, que ser mãe, é bem mais do que proteger os nossos filhos o tempo todo, é engolir o meu próprio medo, e fazê-lo enfrentar os desafios que vão surgir a vida toda, é me manter de lado só pra ele saber que se tudo der errado, tem quem o ampare, e que por isso mesmo, ele nunca vai precisar parar de tentar.
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