Friday, 29 de March de 2024

Mais de trinta

Mulheres não sabem ouvir não

Quem nunca ouviu algo como “o problema não é você, sou eu…”, “sei que merece alguém melhor, que te fará feliz de um modo que eu não conseguirei” ou “um dia vamos olhar para trás e rir de tudo isso”, é realmente uma divindade que deve ser estudada pela metafísica ou então tem pouca estrada no currículo, pois um ou outro “fora”, todo mundo leva em algum dia.

O “fora” não é exclusividade de ninguém, não escolhe beleza, simpatia ou inteligência. Um pé na bunda está aí para qualquer um, só precisa chegar o dia em que seu bilhete é premiado e lá estará você na rua da amargura, ouvindo músicas sertanejas da pior qualidade.

Centenas de milhares de homens e mulheres tomam foras todos os dias e o mundo continua girando, ainda não vi ninguém, por puro despeito, se tornar um homem bomba atômica e acabar com tudo, mas é fato que alguns se abalam mais.

As reações a um pé na bunda mudam de acordo com a experiência do chutado, acredito que por isso os homens reajam melhor quando levam um “não” para casa. É claro que sempre tem um idiota que se mata ou agride a outra parte, sendo fisicamente ou moralmente, mas é uma minoria.

A verdade é que, ao contrário das mulheres, estamos acostumados a levar foras. A culpa é, em parte, nossa. Atiramos para todo lado quando bate o desespero e aí já viu, sem estratégia não há vitória!

Porém, por outro lado, cabe a nós, seres que utilizam calças e dotados de órgãos reprodutores masculinos, a tarefa de abordar a fêmea. Me chamar de “machista” por crer que cabe ao homem tomar o primeiro passo é cair no comum e não mudará minha opinião.

Muitas são as estratégias adotadas, pode ser uma cantada direta do tipo “vem cá, minha nega”, envio de mimos (rosas, bombons e outros), “show off” (exibição de talentos físicos,  sociais, artísticos ou mentais) e ainda tem aqueles que fazem uso do pintocóptero (consiste em girar o membro e exibi-lo às moças). Essa última parece ser a que menos dá certo.

As mulheres costumam ser mais discretas, lançam olhares, elogiam mesmo que não tenha nada a ser elogiado e dão pequenas demonstrações de afeto como toques na sua mão ou braço enquanto falam com você.

Poucas são as que se aventuram a te chamar para algo mais íntimo e menos ainda fazem parte do grupo das que conseguem fazer sem parecer atiradas demais. Algumas forçam a barra e usam o corpo para atrair olhares masculinos.

Para mim a mulher não deve convidar o homem, basta apenas deixar a possibilidade em aberto quando há interesse. Digo isso por vários motivos, o primeiro é que o meliante pode não entender e você, por não perceber que ele é lento, vai entender que é desinteresse. Fica o recado: garota, não é desinteresse, ele só é burro mesmo!

O motivo principal para deixar rolar é que o homem precisa se portar como tal em algumas ocasiões, a abordagem é uma delas! Se o sujeito não serve nem para ir atrás de uma mulher que lhe é interessante, imagina quando precisar dele para outras coisas?

Mesmo sabendo disso, muitas mulheres insistem em abordar os homens e, invariavelmente, acabam por tomar um ou outro fora. Como abordam pouco, não se acostumaram a levar um “não” com elegância.

Por falta de experiência tratam como se fosse uma coisa pessoal, como se a nossa falta de interesse fosse uma ofensa mortal: “Como assim, ele não quer transar comigo? Eu sou gostosa, linda, educada, me sustento e tenho bom hálito!”.

Parece que não ocorre a uma mulher que o sujeito em questão tenha determinado tipo de preferência. Conheço um cara que só gosta de mulher feia, as bonitas não têm vez com ele. Considero-o um sortudo! Queria eu só gostar das feias, o universo de possibilidades iria se abrir: muita oferta, pouca demanda!

Não posso falar por todos os homens, mas sempre que eu entrego um “não” à uma mulher costuma ser um grande problema. Tenho uma teoria sobre isso, está relacionada com o fato de eu não ser um modelo de beleza. Acredito que as interessadas se declaram mesmo sabendo disso e quando tomam um fora pensam algo como “Porra! Tomei um fora de um cara como esse? Quem ele está pensando que é?!”.

Funciona igual como os caras que saem na balada e atacam as menos favorecidas pela natureza, vira e mexe eles tomam negativas e pensam que seria melhor se tivessem permanecido em silêncio.

Contudo, além de não saber levar fora, tem mulher que também não lida bem quando tem que dar um. Certa vez, quando eu ainda era um urso bem novinho, fui conversar com uma garota que havia dado indícios de que estaria querendo algo. Pode ser que na conversa eu tenha pisado na bola, mas o fato é que ela me deu um belo “não estou afim”.

Por mim, tudo bem, peguei o resto da minha dignidade, agradeci a atenção dela e fui saindo de mansinho, quando eis que escuto a pérola: “Mas, bem que você queria, não é?”. Não acreditei! Eu já estava combalido e a moça ainda quis tripudiar… Isso não se faz!

Como mesmo novo de gaiola eu já era bom de bico, fiz uma coisa muito feia, admito. Voltei até a moça e lhe disse, bem baixinho, próximo ao seu ouvido: “Não leve meu interesse muito a sério, eu como qualquer coisa mesmo!”.

Falei só para me vingar, confesso, não como qualquer coisa, mas achei que ela merecesse não voltar para casa como se fosse a princesa de Mônaco. Até mais.

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