Friday, 29 de March de 2024

Mais de trinta

Palavras

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Palavras podem levantar ou derrubar uma pessoa, ferir ou curar, alegrar ou entristecer, magoar ou trazer o perdão, a desculpa; pode gerar qualquer tipo de emoção ou alterar o estado de uma pessoa. Mas para usá-las de forma adequada é preciso sensibilidade e empatia pois caso contrário, o resultado pode ser desastroso.

Palavras podem machucar mais que um soco, um tiro ou qualquer tipo de agressão física. Palavras são capazes de ferir mais fundo que qualquer ferimento físico, pois são capazes de ferir a alma. É como se uma flecha atravessasse nosso corpo abrindo um buraco imenso no coração e na alma. E para fechar esse ferimento leva muito tempo e muitas vezes sequer fecha. Talvez seja falta de habilidade com as palavras ou falta de sensibilidade ou empatia. Talvez seja intencional, um ato de maldade, crueldade. Não sei ao certo o que faz as pessoas dizerem coisas que ferem tanto. O curioso é que muitas vezes essas palavras duras e que causam tanto estrago vem de pessoas que se dizem hiper sensiveis, que se ofendem com as palavras dos outros. Mas que não fazem o que dizem, não percebem ou não querem perceber que fazem aos outros aquilo que tanto os ferem, que tanto abominam.

Lágrimas podem amenizar a dor como um analgésico. Mas é paliativo, pois não é capaz de curar o ferimento, de cicatrizar a alma. As lágrimas são apenas gotas de dor que de tão insuportável escorrem pelo nosso rosto, que não aguentando mais ficar dentro de nós, saem pelos nossos olhos. As vezes penso que não há um remédio capaz de curar isso. Podemos desculpar, perdoar de verdade, mas nada muda a dor que sentimos. A questão que fica é se vale a pena dizer, demonstrar ao outro o quanto nos magoou, o quanto doeu. Sempre acreditei que sim, que sempre deve-se falar, que vale a pena o diálogo. Mas muitas vezes não há um diálogo, pois a pessoa não vai entender e talvez até menospreze o seu sofrimento. Não há uma forma de mensurar dores desse tipo, não existe uma gradação. Tudo depende das condições da pessoa. O outro, o que machucou, muitas vezes não consegue entender as razões de tanta dor pois usa como parâmetro seus sentimentos e conclui que o outro não tem qualquer razão para sofrer. Como se fosse necessário haver uma explicação exata, uma razão cartesiana e devidamente fundamentada para a dor. Mas não há!

Então, algumas vezes tenho concluído que não vale a pena. Que não vale a pena expor a dor para quem não fará qualquer esforço para entendê-la, para alguém que vai dizer: Você não tem razão para ter se ofendido, para sofrer tanto, foi uma brincadeira ou você está exagerando! Não importa se não faz sentido para o outro, em mim está doendo. E muito! E se alguém não pode amenizar a minha dor, não sei se vale a pena correr o risco de dividi-la com alguém que pode aumentá-la.

Por outro lado uma palavra certa no momento certo pode curar uma dor tão profunda que nenhum remédio seria capaz. Tudo depende do momento … da pessoa … da palavra. Às vezes estamos desanimados, tristes, cansados de tudo e de todos e uma frase, uma palavra pode mudar tudo. Mudar nosso dia, nosso estado de ânimo e até mesmo nossa vida, pois uma palavra pode ser suficiente para mudar toda uma atitude, para nos fazer tomar qualquer tipo de decisão seja ela boa ou ruim.

Victor Hugo tinha razão, as palavras tem a leveza do vento e a força da tempestade.

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