Thursday, 25 de April de 2024

Mais de trinta

Por que a entrega causa medo?

Entrega difícil ?

Entrega difícil ?

Em um sopapo de pensamento identificamos vários tipos de entrega, aqui vou restringir meus devaneios para os relacionamentos amorosos. Desta forma, existem, a meu ver, 3 tipos: a afetiva, a sexual, e as duas juntas.

A entrega afetiva é mais completa quando se sabe que pode confiar no outro e, assim, cria-se o mundo encantando nas atitudes e na imaginação, sem restrições. O grande medo nessa questão é haver a entrega apenas de uma das partes. E aí que começamos a medir e ponderar ações, falas e desejos, surge o ciúme, a insegurança e então não existe mais entrega, vira uma paranóia que mistura medo e inconsistência, nos tornamos desvairados bipolares do amor.

A segunda é a entrega sexual, essa é a mais simples. Troca-se fluidos e fantasias! Aproveita-se o máximo do que o outro pode te proporcionar naquele (s) momento (s) e saem os dois satisfeitos. Os medos aí são apenas de ordem biológica e se há medo supõe-se que não houveram critérios e nem prevenção. Nesse caso, meu amigo (a) segura a peteca que ela é tua e da sua mente inconsequente, nem há opinião a dar nem falácia a fazer.

E pra fechar a trilogia entregacional, mais complicada das complicadas é a entrega afetiva e sexual, a vulgarmente ou romanticamente conhecida como “de corpo e alma”. Estar entregue a alguém de corpo e alma sozinho é tão angustiante que sofrem as duas partes. A que está oferecida por não saber se esse retorno é igual, se é apenas sexual ou apenas afetivo , e a outra por querer se livrar do pacote ou por achar que a entrega é grande demais para seus desejos de presente e futuro e fica sem saber como dar um fim decente, digno de um ser humano coerente.

Essa situação é agravada quando o recebedor do corpo e da alma no cotidiano egoísmo do seu ser não se importa com o outro ou é tão desligado que não percebe o estrago que faz na vida do incorrigível romântico ou desesperado de autoestima baixa e carência em alta.

E eu acabo inferindo que o causador dos apavoramentos hoje não é só a entrega, é todo e qualquer processo que precisa ou que espera os retornos de terceiros. Em toda e qualquer relação existem dúvidas, inclusive na relação de nós com nós mesmos. A humanidade está sendo educada para não confiar nem na sombra. A palavra dada nada mais é do que uma palavra. A promessa feita nada mais é que um conjunto de palavras pronunciadas no momento conveniente.

E aí sofrem os otimistas fantasiosos que acreditam que o príncipe e a princesa estão em algum lugar à sua espera e que quando se encontrarem saberão que são almas gêmeas no primeiro olhar. Sofrem aqueles que fazem promessas verdadeiras e não são levados a sério, e também aqueles que possuem a palavra honrada e esta não vale nada como garantia.

Entregar-se causa medo, por que ninguém quer fazer nada sozinho. Todos nós fazemos algo sempre esperando a troca. Se estivéssemos dispostos a nos doarmos, no sentido literal da palavra, não teríamos medo da entrega, afinal aproveitaríamos tudo que os momentos permitissem, e pensando assim mudaríamos o ponto de vista.

Seria ótimo se pudéssemos acreditar no ser humano, que os bons sentimentos, apesar de tudo, ainda pudessem ser desfrutados na sua forma mais genuína e leve.

Meu conselho, se é que tem alguma serventia: entregue-se ao que te faz bem e viva o que tiver que ser vivido, e isso em prol de você mesmo. O retorno do outro se vier, “ótimo!”, mas se não vier não foi você quem saiu perdendo, foi ele sozinho, pois foi ele quem não estava preparado para algo mais elevado!!!

E passar bem!

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