Lendo o excelente artigo do Marcelo Vitorino “ELES ESTÃO EM EXTINÇÃO”, me ocorreu escrever sobre outra espécie que, ao contrário, está aumentando a cada dia, os chamados “encoxadores” do METRÔ. Não que esse tipo seja atual, longe disso, talvez ele venha desde a época em que as mulheres começaram a sair de casa para trabalhar e continua até hoje, mas com muito mais força, já que a internet e a falta do que fazer ajudam na proliferação dessa corja.

Mulheres molestadas em transporte público

Em reportagens e relatos sobre o assunto, algumas vítimas disseram que não tiveram nenhuma reação enquanto estavam sendo molestadas, que não sabiam o que fazer; outras chegaram a pensar que a culpa era delas. Digo a todas que não se sintam culpadas, nenhuma mulher tem culpa de querer o melhor para si, de buscar seus direitos, estudar, trabalhar, ter uma vida melhor, ser bonita e querer se sentir bonita ou de simplesmente usar o transporte público para se locomover. A culpa é toda desses frustrados, que não conseguem arrumar uma namorada e saem por aí se esfregando em qualquer mulher que encontra, já que não têm a capacidade de conquistar nenhuma delas.

Protesto contra os abusos

Muitos vão dizer que é por causa da roupa que usamos, outros dizem que a música é a causadora dos ataques, também com tanto funk depreciando as mulheres que ser molestadas no trem não vai fazer diferença. Mas nada disso é desculpa para os assédios, mesmo que uma mulher esteja completamente nua, isso não quer dizer que ela está pedindo para ser bolinada ou chamada de vagabunda e coisas do gênero.

Temos o direito de nos vestir de acordo com nosso trabalho ou gosto, mas ninguém tem o direito de colocar a mão ou qualquer outra coisa em nenhuma parte nossa, sem que tenha permissão para isso. E quando uma mulher diz não, ela realmente quer dizer não. Pode até mudar de opinião, dependendo do caso, mas isso é outra coisa.

Qual o motivo para a famosa virada de pescoço?

Além dos absurdos que os próprios molestadores disseram nas redes sociais, coisas como: “— Bom dia, muito obrigado por me aceitarem no grupo. Sou um encoxador nato. Quem sabe marcamos um rolezinho da encoxada, né?!”. “Encoxador nato”, fico imaginando a cena do nascimento, o médico pega o dito cujo, olha pra mãe e diz: esse nasceu para molestar mulheres no METRO. Ainda têm aqueles que comentam as notícias, talvez querendo se justificar: “… tem que prender os oportunistas (que querem aproveitar o descaso público para cometer estes crimes ‘encoxadas’), mas misturar cidadões que involuntariamente tiverem uma ereção devida à fatalidade da situação e querer constrangê-lo a nível de molestador é um ato de arbitrariedade”. Talvez os machos de plantão entendam o que quis dizer esse patife, mas sinceramente não consigo imaginar uma pessoa tendo uma ereção só por encostar em alguma coisa, então se fosse um homem na frente dele teria o mesmo efeito? Vai saber…

Utilizar transporte público tem sido, há muito tempo, uma experiência desagradável para as mulheres. Não vi ainda estatísticas sobre os casos, mas por andar em trem e METRO de São Paulo, posso afirmar que mais de 90% das mulheres já sofreu algum tipo de violência. E nada tem a ver com ser bonita, gostosa, andar “pelada” ou se insinuar para alguém. Se fosse por causa das roupas, as mulheres que andam de burca nunca seriam violentadas.

Nem as burcas livram as mulheres dos assédios

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