Tuesday, 23 de April de 2024

Mais de trinta

A triste Era do Homem Narciso

Acho que todo mundo conhece bem a lenda de Narciso, aquele carinha que se apaixonou pela própria imagem e não dava bola para mais ninguém, até que de tanta paixão pela própria imagem caiu no lago e morreu afogado… Coitado!
Hoje em dia a lenda funciona mais ou menos assim: o homem narciso quer casa, comida, roupa lavada, mas… Responsabilidade que é bom nada! E quando digo responsabilidade, envolve muito mais emocional do que financeiro, porque ser casal hoje em dia dá trabalho, é fato, precisa ter muito amor envolvido, muita parceria, cumplicidade, paciência, muita coragem. Ser casal hoje em dia é entender que todo mundo precisa ter o próprio espaço, conquistas, desejos, mas que se é pra ter tudo isso sozinho qual a graça de viver? A felicidade não está em compartilhar? Não é por isso que lotamos as redes sociais com publicações do nosso cotidiano, fotos, textos, mensagens, porque compartilhar faz parte do ser humano?!

 

De fato em algum ponto da evolução ficamos mais egoístas, algo deu errado nessa passagem onde a aceitação por ter ou ser algo ficou mais importante do que aprender a se relacionar de verdade com pessoas de verdade, passar perrengues de verdade e também dividir sorrisos de verdade rs.
O fato é que aprendemos a nos esconder atrás de personagens e tentamos sustentar os mesmos nessa loucura de mundo. O único problema é que nos esquecemos que manter um personagem dá trabalho, e exige perfeição, coisa que não costuma durar muito tempo.
O homem narciso ( quando digo homem serve para mulher também, viu?!) está sempre olhando para baixo, para o próprio umbigo, o mundo gira ao seu redor e coisas que não incluam falar sobre si mesmo estão fora de cogitação. Sua felicidade se mede pelo número de likes numa foto.
É possível reconhecer um tipo desses pelo quantidade de vezes que o pronome EU é mencionado numa simples conversa: EU, EU, EU, EU… E você ali pensando, em que raio de hora essa sujeito vai me incluir nesse monólogo e transformar isso tudo numa conversa de verdade?
Existe mais disputa por atenção do que gente disposta a se abrir de verdade, com todas as fragilidades que qualquer ser humano possui, afinal, é isso que nos torna humanos!
Eu sinto como se todos estivessem em uma infinita competição, quem tem mais, quem é melhor, mais bem-sucedido, quem é mais querido… E quem é mais solitário? Quem encena o sorriso mais falso? O coração mais frio e triste?
Por esses dias em conversa com um amigo surgiu a seguinte questão: “Não precisamos materializar o que somos”, talvez o problema seja esse, tentamos materializar todas as nossas conquistas e o pior, todos os nossos sentimentos. Não é mais fácil apenas sentir? Gente complicada…
Se relacionar dói, irrita, exige abrir mão do ego, de estar sempre certo, é aprender a ouvir de verdade e assimilar que a visão da outra parte nunca vai ser a mesma que a sua, mas pode complementar, pode abrir uma porta para um ponto de vista diferente, uma outra forma de enxergar o mundo.
Um dia eu ainda entendo essa lógica de achar que somos príncipes e princesas quando na verdade estamos mais para Shrek e Fiona, e qual o problema disso? Prefiro um ogro com sentimentos e até mesmo um burro falante a tira colo do que um príncipe que se preocupa em acenar para a população e desfilar com a princesa quando convém, além claro de toda propaganda e auto promoção que faz para seus súditos de plantão. Preguiça!
Sabe aquela música chamada Diariamente, que vai narrando pra cada situação uma solução? Então, se relacionar é isso, exige dedicação, persistência, renovação, e isso vale em todos os tipos de relacionamento.
O que as pessoas não entenderam ainda é que dá pra ser muito feliz acompanhado, basta ser uma via de duas mãos, onde ambos os lados queiram e façam dar certo. E não bastam só palavras bonitas, é preciso mão na massa e é preciso agora, no primeiro minuto de envolvimento, caso contrário… Bom, caso contrário, voltamos a contagem de curtidas numa foto e continuamos solitários e “felizes” por isso, além de passar por uma vida toda monótona, vazia e vivida a margem de qualquer sentimento que seja sentido pra valer!

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