9 de maio de 2014 Enviado por Luciana Mazzilli colunistas luciana-mazzilli alegria felicidade ideais objetivo sonhar sonho
Um sonho dura para sempre?
Quando era pequena sonhava em ser bailarina, minha mãe alimentava esse sonho comigo vestindo-me de rosa e pagando os melhores cursos da cidade. Depois fiquei um pouco mais velha, sonhei em ser cantora, minha mãe alimentou comigo esse sonho também, pagando minhas aulas de canto e violão. Também sonhei em ser decoradora, em ser modista, em ser fotografa, ser ginasta e em ser atriz… Fui ficando mais velha e minha mãe deixou de me acompanhar. Deixou de almejar comigo e os sonhos em dois passaram a ser só meus. Precisei cortar o cordão que nos liga nos gostos, porque realmente acredito nas heranças passadas de pais para filhos e quando se faz isso começamos a perceber que talvez não tenhamos aquelas habilidades que sua mãe fez você acreditar que tinha.
Nesse caso, por exemplo, descobri que minha voz é uma lastima e levo pouco jeito para os instrumentos, principalmente violão, embora eu tenha musicalidade. Quando cortamos esse laço aprendemos, ou melhor, descobrimos do que realmente gostamos. Quando cortei o cordão a escola de teatro quem tivera que pagar, fui eu.
Percebi que a tarefa dos bons pais é incentivar os filhos a sonhar, a ter idéias, ambições, foco e a descobrir seus métodos e processos criativos e ajudar na definição dos seus gostos e verdades. Mas que jamais poderão fazê-los por nós sem que a gente compactue. Os pais têm um forte poder sobre nossas escolhas, isso é inevitável. Talvez não com a nossa identidade total, mas com toda certeza em alguns pedacinhos de nossas características. Mas como toda hipocrisia locada em nossos padrões, quando ficamos velhos os sonhos vão morrendo e o que toma lugar é a necessidade de crescer e de ter dinheiro, se é que me entendem.
Talvez eu até pudesse ser atriz, principalmente dentro de casa, mas só se isso me trouxesse “retorno” no qual aos 30 eu pudesse me sustentar. Caso contrário, meus pais achariam que perdi um tempo da minha vida, contrapondo com a velha frase que ninguém vive de sonho, mesmo eu fielmente acreditando que dinheiro não seja absolutamente tudo.
Cresci e comecei a achar isso muito complexo. Nas historias sonhadas das princesas antigamente, que mexiam com minha imaginação e de todas as meninas, no fundo era só uma maneira distorcida de como eu tentaria “não” ver o mundo mais tarde. Que eu poderia negar, se eu quisesse, ser uma princesa que vive só em busca de um príncipe, buscando um bom casamento.
Nas historias ainda lembro-me que existiam amor, mas descobri que ainda se casam sem esse componente necessário. Fiquei pensando que o único desejo e sonho que a maioria carrega mesmo no peito é a de viver com amor, principalmente no trabalho. Que dentre todas as escolhas, aja o que houver, se entregarão a intuição e ao sonho. Mas que aquela paciência infantil aonde tudo cabe, vai perdendo-se à medida que o sonho vai ficando distante.
O que lembra a infância é a questão da desistência, às vezes abrimos mão como criança, choramos e esquecemos. Nós adultos ansiosos, cheio de urgências, achamos que só o agora é importante e achamos que quanto mais velhos vamos ficando, menores são as chances de novas possibilidades. Posso citar meu tio como exemplo, tornou-se pai aos 65 anos. Deixamos para trás todas as coisas lúdicas que nos faziam crer que no final tudo termina bem, e vamos substituindo lacunas dos desejos, por outras coisas.
Talvez também tenhamos deixado de incentivar nossos filhos e deixar que os sonhos deles nos trouxessem de novo o vigor da juventude. Os sonhos precisam pulsar seja na idade que for, para que a gente sinta que nunca cessa, que sempre tem algo mais. Então cerque-se de pessoas que incentivem seus sonhos e que não achem suas projeções exageros. Pessoas que pensem como você, pessoas que te encham de vida. Que acreditem que tudo é possível, do jeito que for, na hora que for e como for.
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