Friday, 29 de March de 2024

Mais de trinta

Geek ou nerd? Qual o problema com ser fanático por tecnologia?

Caro Urso sou um fanático por tecnologia faz tempo, mas ultimamente ando meio preocupado. É que não vou para lugar nenhum sem levar comigo os meus 2 iPhones, e também não consigo ir dormir sem antes conferir se saiu um programa ou jogo novo para o meu gadget favorito. Me ajude Urso, existe algo de errado comigo? Nick Ellis

Olá Nick, é engraçado escrever sobre ser ou não um nerd para alguém cujo nome é Nick. Já sei que só os nerds entenderam a piada, aliás, isso faz de mim uma espécie de nerd também…

Para os que não entenderam, “Nick”, além de ser o nome da pessoa que fez a pergunta, pode também ser a abreviação de nickname que quer dizer “apelido” ou “alcunha” em português.

Antes da internet, ter um nickname seria um indicativo de sua conduta, como por exemplo, João “Matador”, Rita “Boca de Veludo” ou Mário “Menina Veneno”. Agora não, ao que me parece, tudo é mais liberal, conheci um cara cujo nick no MSN era “Tulipinha Sem Vergonha”… Por favor, não me obriguem a desenhar a ironia e nem escrever como conheci o meliante.

Escravos da tecnologia

Infelizmente, caro Nick, eu também sofro de mal parecido, são raros os momentos onde fico desconectado do mundo, o que gera criticas por parte dos amigos e também das ursas!

É óbvio que isso não é normal, sinceramente já estou pensando em um modo de me desligar, mas se eu fizer isso agora você fica sem a sua resposta e os demais leitores também.

O fato, caro Nick, é que somos escravos dessa tecnologia! Eu, você, os leitores e até mesmo a sua avó também é! Ficamos hiperativos, sedentos por informação. Escrevo isso no mais amplo sentido da palavra, parece que nossos cérebros acostumaram a receber informação de qualquer tipo, estas podem vir através de sites de entretenimento, notícias, jogos e até mesmo de conteúdo adulto, eufemismo para pornografia.

Nos anos 80, eu e você, seriamos considerados nerds, agora somos geeks. Algo como nerds mais bacanas, que faturam algum e ainda fazem bonito com a mulherada… Eu sei, exagerei no lance com as mulheres, mas me deixe viver meu sonho!

Muito antes de escrever o Pergunte ao Urso, eu já lia o seu blog (Digital Drops) e confesso que nem sabia a diferença entre um blog e um site.

Traquejo Social

Em uma avaliação muito superficial eu diria que não há problema algum com toda essa conectividade, mas a coisa não é bem por aí. Já fui analista de sistemas e sei bem como a falta de sociabilidade atrapalha nossas vidas. Depois de muito tempo lidando apenas com computadores, vamos perdendo o que chamo de “traquejo social”, ficando cada vez mais chatos e intolerantes com as diferenças.

Mas, e daí? Você tem os seus gadgets (apetrechos eletrônicos), certo? Por que precisa de traquejo social?

Simples, caro Nick! O homem não é uma ilha! – minha professora de OSPB (Organização social e política brasileira) do ginásio deve se sentir orgulhosa hoje… Para os mais novos, OSPB era uma disciplina que havia no ginásio, mesmo nas escolas públicas. Por sinal, aprendi a escrever em uma delas, antes redação também era uma disciplina. Pelos e-mails que recebo, deveria voltar a ser.

O que, em minha modesta opinião, não pode acontecer é transformar uma atividade com contato social em uma atividade tecnológica, a não ser que não seja possível.

Vou dar um exemplo, fui uma vez no Campus Party e vi uma cena inimaginável, um cara teclando com outro através do MSN, até aí tudo bem, todos fazemos isso, certo? Errado! A pessoa com quem ele “falava” estava do outro lado da mesa, a menos de um metro do cara!

Nada mais idiota do que falar por MSN ao invés de pessoalmente quando existe possibilidade. Os textos não têm feições, não exprimem sentimentos ou emoções! Algum leitor pentelho vai falar que assim pode ouvir música ao mesmo tempo em que fala com alguém e esse alguém pode ouvir outra coisa. Sim, com certeza isso pode acontecer, mas se é para não prestar atenção no que o outro diz, para que conversar com ele?

Quando comecei a escrever esse blog, 20 em cada 10 blogueiros da “umbigosfera” falavam que não daria certo. Isso porque foram acometidos de complexo de Deus, achando que só a maneira deles seria correta. Escutei coisas como “não quebre o post”, “faça textos com, no máximo, 3 parágrafos”, “não envie conteúdo por e-mail”, “blog não pode ter patrocínio”, “faça troca de banners” e mais um conjunto de bobagens.

Qual o resultado em desobedecer as regras de ouro da umbigosfera? Quase um milhão de pageviews no primeiro trimestre de 2009 com mais de 190 mil pessoas passando pelo P.a.U. nesse período.

Caro Nick, é disso que estou falando, ser geek não é problema, o problema é nos deixar levar por esses dogmas e abrir mão de viver como achamos que devemos.

Grande abraço do seu amigo Urso.

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