Thursday, 25 de April de 2024

Mais de trinta

Faça o que eu mando, não faça o que eu…fiz

faça o que eu mando

faça o que eu mando

(…)mas a verdade mesmo é que, aos cinquenta, aquilo que você julgou fundamental: o dinheiro, o reconhecimento, a criatividade, a novidade, tudo isso vira nada(…)

Com o tempo e a maturidade fui ficando cada vez menos sabida. Aos vinte e cinco eu sabia tudo — e tinha uma coragem de titã —hoje eu sei bem pouco (assim de dizer “eu sei” com certeza), mas aquilo que sei pouco, bem que queria ter sabido aos trinta.

Pensando nisso, tenho percebido um monte de gente bacana sofrendo por coisas meio bobas, não tão bobas, mas que, certamente, não são tão complicadas depois de um tempo.

Então, apesar de achar uma chatice essa coisa de faça o que eu mando, não faça o que eu faço — e enquanto as coisas não se acertam para estas pessoas bacanas — resolvi escrever uma ou outra coisa que aprendi com a experiência, e torço pra que estas coisas deem qualquer alívio a quem me lê. Sem verdades absolutas, mas com o maior carinho e empatia.

Crise

Crise

Primeiro: carreira é importante. É através do trabalho que você se torna o ser de “pertença” no grupo. O trabalho o define, o identifica dentro do mundo. E é pelo trabalho que você pode transformar sua vida. Além disso, é o trabalho que permite que você se aplique em coisas significativas e se esqueça das bobagens que podem minhocar em sua cabeça. Sabe aquela coisa de cabeça vazia, oficina do diabo? Pois é. Então, o trabalho e a carreira são importantes demais, mas o amor e os relacionamentos são mais…

“O quê? Ficou doida? Pois se somos a geração dos projetos, da fama (ainda que por quinze minutos), a geração que foi orientada a arriscar e investir em tudo que é novo, a geração do trabalho como prazer…”

Pois é, mas a verdade mesmo é que, aos cinquenta, aquilo que você julgou fundamental: o dinheiro, o reconhecimento, a criatividade, a novidade, tudo isso vira nada (meio exagero, mas quase nada). Não é por acaso que, por essa idade mais ou menos, o engenheiro vira iron man, a acadêmica vira cozinheira, o dentista vira mestre zen budista…

É que daqui a um tempo você só vai querer estar bem, e se você estiver só, se você não tiver construído relacionamentos sólidos, vai ser mais difícil ficar satisfeito.

É claro que quando falo de amor e relacionamento não estou me referindo ao relacionamento romântico somente. Algumas pessoas têm a imensa sorte de conquistar uma relação verdadeira e saudável com o trabalho e com os colegas, isto também é uma forma de amor. Outros amam os animais e se dispõem a viver plenamente com os bichinhos, outros, ainda, conseguem se entregar por inteiro à caridade, alguns são plenos na relação com os filhos, e mais outros encontram-se no relacionamento com o namorado, namorada, marido, mulher… Não importa o tipo de amor, desde que haja disposição e entrega.

Assim, se para você é importante sair para almoçar com seus amigos do colégio, dê um jeito de parar tudo e fazê-lo. Se você acha que vai ser delicioso assistir à apresentação de teatro de seu filho, não fique em dúvida: vá. Concentre-se nisso para ter momentos de felicidade mais profícuos, hoje e amanhã.

Falando em felicidade, alivie-se desta obrigação. Ninguém, ninguém mesmo é feliz. Felicidade é uma condição de estar e não de ser. A gente fica feliz em alguns momentos. Aqueles momentos em que parece que o coração recebe uma brisa interna, um não-peso, sabe? Quando o coração e o corpo desafiam a gravidade… Mas ninguém fica feliz para sempre.

Se você conseguir ser alegre (a alegria, sim, é uma coisa do ser), se conseguir passar pelos perrengues da vida sem mau-humor e sem grandes pavores, já é um baita ganho.

Acostume-se a lidar com as coisas que não deram certo, que não saíram como você esperava, acostume-se a conviver com o medo, e tenha calma. No fim, o certo mesmo é que se você foi inteiro naquilo que pretendia e ainda não rolou, dê tempo ao tempo, tenha paciência porque a coisa toda volta. Volta, mesmo. Garanto!

E falando em medo, não o desconsidere. Pare com esta mania kamikaze de enfrentar tudo de qualquer jeito. O medo é uma reação — quase inconsciente — que permite a você sobreviver no meio do caos em que nossa vida se transforma vez por outra.

Verdade é que há medos e medos. Geralmente, o medo é um sentimento que protege, mas também pode acontecer de ser um sentimento que paralisa sem qualquer motivo pragmático. Sua maior tarefa, ao conviver com o medo, é tentar descobrir entre os tipos de sentir o que é paralisia e o que é defesa. Defender-se não é estupidez, ao contrário.

Por fim, porque o espaço aqui nem é tão grande assim, siga o que você realmente sente, esqueça o que pai, mãe, marido, mulher, patrão, amigo e até eu mesma estou falando. Se você sentir que tudo isso que falei é bobagem, delete e siga em frente, porque, no fim das contas, o encargo é seu e de mais ninguém — e acho que esta é realmente a melhor dica que eu posso dar pra você…

Comentários

Comentários

Conteúdo exclusivo e promoções

Cadastre-se

Cadastre seu e-mail para receber as atualizações do Mais de Trinta e ser informado de promoções exclusivas para assinantes. Você receberá duas mensagens por semana!