Friday, 29 de March de 2024

Mais de trinta

Sou alérgico a salmão

Hoje me dei conta de como sou chato e difícil de lidar. É praticamente impossível me deixar 100% satisfeito. A culpa dessa situação se reflete em todos os aspectos da minha vida e demonstra uma coisa: estou fora do padrão.

Ser alérgico a salmão é só uma das coisas que me atrapalha, também tenho intolerância a carne de frango e a tomate, o que restringe bastante o meu cardápio, visto que no Brasil tomate é tempero em quase tudo. O maior problema é que essas limitações ficam só na alimentação, elas também se estendem ao campo afetivo.

Acho que foi por causa da minha criação ou então por causa de algum filme que assisti enquanto criança, mas, via de regra, não me sinto dentro do modelo tradicional.

Outro dia estava reparando na quantidade de gente que conheço que publica fotos no Facebook exibindo a felicidade no relacionamento. Acho muito bacana. Contudo, acharia muito mais legal se eu não soubesse das deslealdades e infidelidades que circulam esses universos.

a mentira que você está vivendo

a mentira que você está vivendo…

O “Pergunte ao Urso” fez de mim uma espécie de conselheiro — sabe-se lá porque as pessoas confiam em mim ou em minhas opiniões — e de algum jeito estranho dá às pessoas a sensação de que podem abrir suas vidas e frustrações por e-mail ou mensagem privada.

Perdi a conta a quantos perfis estilo “casal feliz” fui apresentado e, logo em seguida, lia uma história cheia de culpas e desgostos. Acredite, boa parte da imagem que você vê no Facebook ou em outras redes é apenas um reflexo manipulado da realidade.

No começo fiz julgamentos de todos os tipos, condenei as mulheres e os homens ao mesmo tempo que que também apontei o dedo para mim, para a minha vida, para o meu passado. Se tem um sujeito que pisou na bola, está lendo o que ele escreve nesse momento. Me arrependi da minha conduta em quase todo relacionamento que tive. Ora desleal, ora infiel, ora impaciente, ora vingativo. Em resumo: um bosta. Eu sei, não tenha medo, pode concordar comigo sem medo de ser feliz. Não levarei para o lado pessoal.

O problema mesmo foi tentar me enquadrar no padrão. Posso garantir para vocês, o padrão é esse aí descrito acima: uma vida pela metade, cheia de mentiras e justificativas esdrúxulas para que tudo continue igual.

A mulher não fez o que o marido gosta, ele procura fora ou passa mais tempo na rua. O marido não deu a atenção e compreensão que a mulher desejava, ela o ignora ou lhe bota um par de chifres. Relacionamentos com problemas que utilizam de “coberturas” para continuar existindo. Algo que “compense” a parte que se sentiu atingida.

Com o tempo percebi o engano. Não faço parte do padrão. Não adianta ter um relacionamento meia boca que me faça procurar qualquer tipo de compensação. A idade, a maturidade ou a compreensão dos danos que isso causa me proíbem esse tipo de comportamento.

Assim como não como salmão e isso faz com que eu só coma em restaurantes japoneses que tenham um cardápio mais elaborado, desejar muito de uma relação elimina 95% das possibilidades.

O que posso fazer? Eu não sou normal, mas acho melhor aceitar isso do que viver uma vida de mentira. Entretanto, não posso atirar pedras no padrão, tudo depende do que você deseja para sua jornada. Faça uma reflexão e me diga com sinceridade: a vida que você está levando é a que você gostaria?

Até mais!

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