11 de março de 2014 Enviado por Celso Moraes celso-moraes colunistas cinema cool cultura filmes james dean magia marilyn monroe
A Perenidade da Ausência Presente ou A Mágica do Cinema
Quando se chega ao cimo da montanha, tudo o que se pode fazer é descer. Típica frase multiuso, aplicável a n situações, usada aqui num sentido mais restrito, referindo-se à inevitável decadência física depois de alguns anos de existência. Tônia Carrero, que já foi uma das mulheres mais belas do Brasil, declarou certa vez em alto e bom som que existe, sim, inferno antes da morte, e ele se chama “velhice”.
Acho lastimável, apesar da evidente boa intenção, que o Governo e algumas pessoas usem o termo “melhor idade” para se referir à terceira idade, este sim o termo certo. É a melhor fase da vida ter limitações? Ver e ouvir mal? Precisar de ajuda até mesmo nas tarefas mais simples? Ter a agilidade reduzida? Perder a beleza física (no caso daqueles que um dia a tiveram – esqueçamos por um momento a verdade de Fernando Pessoa)? Creio que não.
No cinema, as rugas e as deficiências naturais causadas por Cronos já levaram carreiras ao fim precoce, a casos de profunda depressão e, em exemplos extremos, a suicídios. Algumas pessoas simplesmente não aceitam e não têm estrutura para suportar a ação do tempo sobre seus corpos.
Meu saudoso pai – descanse em paz, ‘seu’ Armando! – dizia que a única maneira garantida de evitar a velhice é morrendo jovem, e isso [quase] ninguém quer. Alguns astros e estrelas do cinema conseguiram, ainda que não fosse o plano da maioria deles, perpetuar sua ‘existência’ sobre o planeta – na permanência do seu nome e de sua imagem – e a influência exercida sobre seus admiradores, década após década, mesmo que ao mais alto dos preços.
Representando todos os que compõem esse grupo, elejo James Dean e Marilyn Monroe, ícones indiscutíveis em várias mídias.
Morrendo cedo, seus nomes deixaram de ser associados a corpos perecíveis para adentrar o rol dos mitos. Tivessem sobrevivido a si mesmos, certamente decairiam em sua área de atuação e teriam a carreira cada vez mais pontuada de filmes ruins em algum aspecto, além de situações constrangedoras e“coisas de velho”…
Perecendo, tornaram paradoxalmente imperecível a sua beleza, que ainda hoje serve de modelo e parâmetro. Seus rostos, reproduzidos em pôsteres, camisetas, capas de revistas e cadernos, servem de inspiração para histórias em quadrinhos, músicas, filmes, editoriais de moda. Morrendo, ‘viverão’para sempre, belos, incorruptíveis, povoando o imaginário individual e coletivo de homens e mulheres muito tempo após as suas passagens para o ‘outro lado’.
Essa é uma das mágicas do cinema, tornar a ausência de alguns dentre os que se foram mais real do que a presença de outros que ficaram.
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