Friday, 26 de April de 2024

Mais de trinta

O que você pode aprender aos quase vinte e tantos, aos trinta e aos trinta e poucos?

O bom da vida é pegar os ensinamentos e lembrar que maturidade e evolução são capazes de nos fortalecer e de nos tornar adultos sempre melhores.

O bom da vida é pegar os ensinamentos e lembrar que maturidade e evolução são capazes de nos fortalecer e de nos tornar adultos sempre melhores.

Descobrimos facilmente em primeiro lugar que podemos mudar de ideia e em qualquer idade. O que é ótimo, porque não precisamos defender aquela velha ideia formada sobre tudo, da qual às vezes nem acreditamos mais.

Aos vinte batemos os pés com tantas certezas, aos trinta temos dúvidas, aos trinta e poucos, bom, eu ainda não sei… Mas sei que mudar de ideia é para gente madura e desapegada, que não tem medo de ouvir outros pontos de vistas e que não tem preguiça de pensar fora da caixa, que pode pegar a inteligência e criatividade do outro, emprestada. Gente desapegada de ter razão. Amém.

Como são chatas as pessoas sempre “certas” né ? As que dão lição de moral, as que dizem o velho e bom “ te avisei” ou o “não te disse”.

Aos vinte e tantos a gente já teve o primeiro amor, ou pelo menos se enganou algumas centenas de vezes. Já teve diário, já colecionou papéis de carta, já fez cursos que não gostou, mudou de faculdade, já acumulou certa vivência e já aprendeu a diferença de sexo e amor.

Aos vinte e tantos a gente chora e se descabela, liga, corre atrás, grita. Aos vinte e tantos a gente tem pressa, sede, ansiedade, urgência. Aos vinte e tantos a gente sai, se joga na boate, dia sim e dia não. E tá tudo bem, vamos trabalhar de ressaca e ainda saímos para tomar um drink de noite ou saímos para jantar.

Aos trinta a gente descobre que não morreu de amor e que as feridas fecharam, que amigos podem ser da onça e que o trabalho depende de nós. Aos trinta ajudamos mais os pais do que eles a nós. Também percebemos que cometemos os mesmos erros do passado e que cometeria mais algumas outras vezes se preciso for. Aos trinta a gente consegue viajar sozinho e a mala fica menor, aprende-se o que é realmente necessário.

Demoram-se uns dois dias para se recuperar da noitada e até se permite dançar de sapatilhas, lembrou que aos vinte e tantos os pés doíam e você continuava no salto, linda, mas dolorida. Hoje, preza mais o conforto do que só a estética. Aprendeu que a verdadeira beleza está em outros detalhes.

Aos trinta você conta os planos que fez quando chegasse a essa idade, e mesmo assim não se entristece porque não foi do jeito que ensaiou. Descobre que abandonou alguns planos, ou melhor, só deixou para lá, para dar a vida a novas sensações, limites e vontades.

Olha-se no espelho e se vê bonita, a beleza é muito maior do que o espelho diz. Acha charme nas rugas e na elegância no modo de vestir-se. Já fez alguns amigos para a vida inteira, aqueles que poderá contar de olhos fechamos e também já não conta tantas moedas para tomar uma cerveja no final de semana.

Mas eita idade bagunçada, não sabe se casa ou compra uma bicicleta. Se viaja e larga o emprego. Se acha jovem demais para isso, velho demais para aquilo… Não sabe se quer abrir o próprio negocio ou se prefere que seu dinheiro esteja na conta todo quinto dia útil do mês. Não sabe se compra apartamento, se troca o carro, se pinta os cabelos brancos e se só namora ou se junta às tralhas.

Cobram-se mais do que se deveria. Cobram-se umas felicidades constantes e programadas, cobram-se certezas e a vida te mostra, te coloca a prova todo santo dia sobre seu jeito de agir, suas verdades e valores. Ficamos desapontados por ter criticado os pais e acabamos mais parecidos com eles, do que gostaríamos. Pode até revelar-se uma pessoa adulta careta, machista e tradicional, tudo aquilo que certamente você acusou seus pais de serem.

Quando passa os 30, às vezes, achamos que estamos velhos de mais para saltar de para quedas ou fazer uma tatuagem. Suportam-se casamentos por conta dos filhos. Alguns mal amados julgam as mulheres que não casaram e algumas mulheres separam as amigas entre as que se tornaram mães e as que não servem mais para nada. (só se eventualmente ficarem solteiras novamente)

Se você não se casou querida, pode crer que pode sair da roda das amigas de infância das “super bem casadas”. O mundo é meio cruel com lindas mulheres balzaquianas, principalmente com as que são lindas, malham, ganham bem e que por algum motivo não querem ser mães. Graças a deus isso ainda é uma escolha!

Você pode até usar a idade como desculpa, já que depois dos 30 ficamos mais “responsáveis”, mas acredito que só pelo fato, que as contas chegam em casa com nossos nomes e não com os nomes dos nossos pais. Mas os planos não acabam viu, pelo contrário, multiplicam-se. O bom é que a vivência traz um pequeno autocontrole, uma razão nobre, um jeito calmo de saber esperar dias por alguma resposta que parecia ser urgente.

A idade sabe esperar, de tanto que já esperou. De tanto que já se refez, de tanto que já sorriu e chorou. Não se tem aquele calor frenético que só o jovem tolo tem. Sabe-se e aprende-se que as coisas são feitas na calma, passo a passo, tijolo por tijolo. Que algumas conquistas podem ser planejadas e que a vida também nos atropela sem razão aparente.

Aos 30 e poucos as separações continuam a doer, as decepções continuam a magoar, mas existe uma sabedoria sobre o tempo que conta sempre a favor, embora há quem defenda que a vida é curta demais para esperar. Aos 30 e poucos existe uma confiança em si, uma admiração genuína.

Mas no final, tanto importa a idade, estamos todos no mesmo barco em busca da felicidade, de momentos plenos, de um bom emprego, de um bom salário, de uma boa casa, de um bom amor, de um animal de estimação. De viajar, de se encantar, de namorar… De viver. Então se você está na casa dos 30 e poucos e perdeu a energia, recomponha-se.

O bom da vida é pegar os ensinamentos e lembrar que maturidade e evolução são capazes de nos fortalecer e de nos tornar adultos sempre melhores.

Não cesse a busca. E espero que continue procurando todas essas coisas até os 70 e 80 e poucos!

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