Monday, 29 de April de 2024

Mais de trinta

Hora certa?

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Soube hoje que uma pessoa estava internada há dias, sendo cinco deles na UTI, em consequência de uma dengue hemorrágica. E o que me chamou a atenção nessa história foi o depoimento da convalescente relatando sua reação ao ser diagnosticada a doença: ela já foi se despedindo de quem conhecia, pois tinha certeza que a hemorragia iria levá-la ao mundo dos mortos.

E então houve um protesto: “que bobagem, você tinha que confiar mais na vida e não ficar tão pessimista”. Foi então que ela fez a revelação com grande alegria no rosto: “no fundo do coração eu sinto que não vou morrer, tenho muita coisa que ainda gostaria de fazer e não fiz e sempre justificando motivos injustificáveis…”

Interessante como o nosso corpo e alma suspiram vida, mesmo com todas as evidências que temos de que a morte está eminente, no fundo sentimos que não é a nossa hora, ou pelo menos, queremos sentir. E então eu fiquei cá com minha mente pendurada em muitos questionamentos a cerca de comportamentos meus e de outras pessoas para comigo.

Quanta coisa que deveríamos ter feito e não fizemos… quantas pessoas e lugares deixamos de conhecer, situações não experimentadas por prudência, por não achar que era a hora e que essa hora certa ainda virá… e ela não chega… ou pior, percebemos que a hora era aquela, e não há mais nenhuma outra e nem haverá…

A vida é tão mutável, desejos são mutáveis, pessoas são mutáveis, e por qual motivo nós insistimos em querer prever isso ou aquilo? Qual seria o melhor momento? Melhor agora ou depois? Tenho muito receio do depois, ele pode realmente não vir, tanto em relação às oportunidades quanto em relação à própria vida. Perceber que estamos deixando a vida passar é angustiante e imensamente frustrante. É preciso tomar uma atitude quando identifica-se essa sensação.

Somos os gestores da nossa vida e precisamos delegar atitudes pessoais no exato momento que essa sensação desmotivadora aparece. Quantos mecanismos de defesa emocional precisa-se desenvolver para justificar não ter vivido o que queria viver? Qual ser é você que não se permite vivenciar o que tem vontade?

Um ‘autoboicotador’ desvairado, suponho. Um amigo de longas datas essa semana me disse: “Somos Livres!” E essa frase mais que qualquer outra da nossa conversa ficou na minha cabeça martelando. Realmente somos livres para querer, sentir, possuir o que percebermos que é interessante. Livres também, para decidir se é a hora certa seja lá do que for.

E sobre a hora certa, – eta assunto estranho! – se as coisas são mais intensas quando são feitas no momento que existe o desejo, então, o momento sempre é e será o agora, porque se não fosse não pensaríamos a respeito naquele instante. Entendeu não?

Experimente esperar a sensação de fome, aguarde ela passar e depois coma. Empanzina e dói. O senso de compensação te impulsiona a comer mais do que comeria quando estava com a fome e depois dói tudo por dentro, além da culpa de não ter comido na hora certa, na hora da fome.

Quem passou dos 30 e ainda aguenta viver ponderando tudo e levando as frustrações para vida a fora? Essas sofridas precisam ser lembradas como ensinamentos e não como  empecilhos para as vivências que anseiam a sua alma. Claro, que não é prudente a insanidade de fazer as coisas sem medir as consequências. Sejamos prudentes com uma pitada de crazy forever!

Cuidemos dos nossos quintais emocionais e dos arquivos da nossa memória para não corrermos o risco de nos despedir do mundo sem ter realizado as vontades dos desejos!

Atenda um aqui outro acolá, deixe de ser severo com os gritinhos internos. Permita de vez em quando o desejo berrar alto e ceda a alguns, muitos, deles. Vá exercitando aos poucos e logo, logo vai perceber a possibilidade de saciá-los um a um, mesmo que com alguma parcialidade ou restrições, melhor assim do que ficar com a vontade encruada!

Melhor metade do chiclete do que ficar com a boca azeda!

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