Friday, 29 de March de 2024

Mais de trinta

Qual o tempo das coisas? E o que fazer quando elas acabam?

O fim sempre acontece?

O fim sempre acontece?

Falta de ar, vontade doida de ficar – mais e mais.

Aquela sensação de embrulho no estômago, ansiedade, desejo, vontade…

Dormir junto e depois de alguns instantes longe, sentir saudades.

Dividir a cama, as vontades, os sonhos e os projetos.

 

Quantas paixões vivemos achando que poderia ser amor?

Quantos amores vivemos como se fossem paixões?

 

Depois do passar dos dias a gente vive o começo do fim. Começamos a nos desconectar.

 

Procuramos culpados. Vem o ódio, a raiva, mas depois passa…

Vem o desprezo, a mágoa, mas também passa. Depois vira lembrança.

Como se alguém jamais pudesse nos deixar, como se alguém jamais pudesse querer viver novas histórias, nossos prazeres. A gente sente inveja, ciúmes do tipo de desprendimento com que o outro conduz as coisas.

 

É a lei natural dos encontros. Começo, meio – fim.

 

Não sou pessimista, porque acho que o para sempre é irreal.

Acho que sou até positiva demais, porque sei que pontos finais existem. Doem, mas passam…

Cada pedaço de amor, cada sopro de paixão, deixa algo em nós e leva algo da gente.

Deixa a gente sem chão. Sem vida. Ficamos como flores mortas, sem revigorar, sem florir, sem crescer…

 

Deixam marcas, mas nós tornamos fortes e mais cheios de coragem. Vamos renegar o amor em mesas de bar, fingir que somos fodas, que quem perdeu foi o outro, mas no fim todos perdem. Não existem vencedores quando cada um procura sobreviver ao seu modo. Ninguém quer dar ênfase às feridas. Ninguém quer suportar o choro.

 

Todo mundo quer só partir para outra. Voltar a sorrir.

 

Você vai jurar que não vai amar de novo. Vai jurar que não cairá na mesma cilada.

Vai jurar que não vai deixar uma arrebatadora paixão chutar a porta do seu coração – mas fará tudo de novo, porque você não tem nenhum controle essas coisas.

Paixão e amor- sem diferenças para mim. Vejo a paixão como um amor viajante. É sempre amor- dane-se o tempo que fica.

 

Esses dias minha amiga disse que estava sentindo o fim. Perguntei como poderia prever o futuro, mas eu sei que a gente sente e que sentimentos não são meras ilustrações.

 

Nosso coração apita ao mínimo sinal de perigo. Tentamos resgatar a pessoa que deixamos para trás como se nós tivéssemos esquecido. E logo, culpamos de novo o outro por aquilo que ofertamos mudar. Isso acontece em todas as relações que conheço. E ninguém consegue deixar de ser quem é por muito tempo. Tentamos resgatar a nossa leveza, mas já estamos rígidos demais.

No final as coisas se resolvem, essa é minha garantia. Ou pelo menos é essa a nossa vontade: Que o começo seja demorado e o fim breve.

 

Não arrastar as coisas até seus limites. Respeitar os “nãos” alheios e doar sempre aquele mínimo de afeto, com coração aberto – de quem tem sempre esperança nos reencontros, nos finais felizes e nos adeus cheios de amor.

 

Complicado né?

Os fins são sempre tristes, ela afirmou.

 

Não acho.

Acho que o fim tem um “q” de melancolia, mas de novo afirmo – passa!

 

Aprendi amargamente que é melhor deixar ir o que não nos cabe mais ou invés de tentar vestir algo que está completamente apertado. Ninguém merece viver sufocado. Ninguém merece desobedecer as suas vontades, seu corpo e sua alma.

 

Quem consegue ser feliz assim deixando de viver o que precisa ser vivido?

Torturante deixar sempre o melhor para mais tarde- sabe se lá quando…

 

Não há coração que agüente o desprezo, mas o coração sempre aceita a honestidade, mesmo que frívola. Esqueçam receitas e conselhos. Nosso coração é desobediente e nossa razão desconhece nosso comportamento quando o amor ou a paixão chega. Esquece isso. Esqueça seus personagens.

 

Por ai nas ruas pessoas se apaixonam todo dia, todo tempo. Pelas diferenças, pelos iguais. Pouco importa.

 

O que faz alguém olhar para nós e dizer que sim e quer se conectar com você tem outro nome. Seu espírito, seu sorriso, seu charme, seu carisma, sua sagacidade, sua leveza contrapondo com sua solidez.

Ama-se pela necessidade que temos de amar.

De achar pessoas para caminharmos em par.

 

A vida são frações de momentos. São as viagens que fazemos, as historias que ouvimos, as noites que dançamos. Somos nosso trabalho, nossos livros, nossas musicas, nossos amigos…

 

É por esse acumulo que alguém vai se apaixonar – vai ficar, ou vai embora- mas vai viver honestamente o período da conexão. Vai amar pelo tempo necessário o pacote inteiro – Isso já é lindo e triste por si só.

 

Poucas pessoas nos causam frenesi duradouro. Poucas pessoas nos encantam para sempre. Nós mudamos com o tempo e às vezes deixamos de ser tudo aquilo que éramos. Perdemos-nos dentro da relação. Afloramos o orgulho, as razões, o ego e as vaidades.

 

A parceria acaba porque não achamos mais justo pensarmos em dois. Todo ser quer ser livre, mas na vida a dois é quase que um paradoxo, liberdade e compromisso.

 

Há quem vai bem… Há quem se atropele. Há quem seja humano. Graças a Deus. Aquele humano que erra a mão e pede desculpas. Depreende-se.

 

Aquele que dá ao outros motivos para ficar, mas porta aberta se quiser partir.

Por alguma razão, às vezes, a graça se perde, a gente se perde…

 

Dizem que se cura um velho amor com uma nova historia, concordo. O coração precisa se sentir vivo. Pronto. Amado e amável. E na arte dos primeiros encontros tudo vale. Recuperamos nossa essência.

 

Só que são conquistas e ainda assim há quem brinque com esse jogo perigoso – são gentilezas acima das normais, mensagens a mais. Sorrisos leves. Amamos conhecer alguém de espírito livre, mas não sabemos levar pessoas assim… E os defeitos aparecem…

 

Como entender que a empolgação acabou, que da admiração nada restou?

Como resgatar quem somos? Digo que só com amor, mas não o amor piegas e estampado em lambe- lambes na cidade.

 

Só que não existe nada na vida que o amor não cure. O amor que deixa em nós sentimentos bons. O amor que nos nutre de respeito pelo que vivemos. O amor que deixa as coisas pequenas de fora.

 

O amor que reluz- Transcende.

O amor que respeita, mesmo sem compreender.

 

Você encontrará um novo amor ou alguns amores, deixe a passagem livre.

Limpe a casa, a alma, o espírito.

Plante coisas boas em seu coração.

Em qualquer lugar que exista fé – outro amor pode chegar.

 

 

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