9 de janeiro de 2014 Enviado por Marcelo Vitorino colunistas marcelo-vitorino amanhã comportamento feliz loteria marcelo vitorino megasena morte razão vida
A razão em ser feliz como se não houvesse amanhã
Em alguns momentos da vida é muito comum fazermos questionamentos sobre o que faríamos se determinada situação acontecesse. O que mais escuto é a velha e batida questão do que alguém faria se ganhasse na loteria. Carros, mansões, viagens, luxo e boa vida é, em sua grande maioria os desejos ligados a possibilidade de ficar rico.
Contudo, ficar rico acertando os seis números da Mega sena é muito improvável, mas tem outra coisa que é certa: a morte. Todos morremos um dia. Em uma vida inconstante, cheia de improvisos, encontros e desencontros, só há esta certeza, tudo que nasce, morre.
Costumamos viver ligados no 220v como se fossemos eternos, se nossa corrente elétrica não fosse acabar nunca. Raramente nos damos conta de quanta coisa bacana deixamos de fazer por estarmos neste modo de vida canibal.
Aquela tia chata que te adora, há quanto tempo você não liga para dar um oi e fazê-la se sentir querida? Os amigos que te ajudaram quando você estava na merda, por onde eles andam? E o seu círculo mais próximo, irmãos, pais e filhos, será que estão tendo um bom tanto de você?
Pois é, te digo que se você se saiu bem ao responder minhas perguntas com sinceridade, eu te invejo admiro! Sou seu fã!
E se não houvesse amanhã?
O questionamento que estou propondo é este: se você soubesse que não haverá um amanhã, o que você faria hoje?
Para quem ligaria? Com quem passaria seus últimos momentos? Do que se arrependeria de não ter feito? Admitiria as cagadas que fez ao longo da vida com você e com os outros? Reconheceria o quanto o orgulho besta te custou? Entenderia o valor daquilo que não tem preço? Olharia para trás e faria um dueto com o velho e impecável Frank Sinatra em My Way (sim, sempre fico emocionado quando escuto)?
Quando encaramos a morte de frente, por mais que não gostemos dela, vemos o quão tudo é bobo e superficial na maior parte de nossas vidas. Somos mestres em fazer escolhas, erradas. Acho até que quando acertamos consideramos um erro…
Sempre usei a expressão “você quer ter razão ou quer ser feliz?” como forma de brincar diante de uma dificuldade, mas hoje vejo que é mais do que isso. A pior bobagem que fazemos é escolher ter razão. Ela morre junto com a gente. E não vai sozinha, leva bens materiais, discussões, desamores e tudo mais que “construímos” ao longo da vida.
A razão, caro leitor ou cara leitora, não nos faz feliz quando estamos indo embora. Acho que ninguém olha para trás e diz: “Venci na vida, tive razão e dobrei a todos com meus argumentos!”. Vencer na vida é um tanto quanto etéreo quando sabemos que ela pode acabar com um soluço, um coágulo ou um acidente qualquer.
Talvez seja hora de abdicar das pequenas coisas que parecem grandes e se dedicar aquelas que realmente são gigantes na essência. Deixar a Moby Dick ir embora, navegar em rios menores do que o Tejo ou esquecer o anel do Sméagol pode não ser uma escolha fácil, mas é a mais racional quando o que se quer é ser feliz.
Até mais!
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