Friday, 26 de April de 2024

Mais de trinta

O que anda acontecendo com os homens?

O que acontece com os homens?

O que acontece com os homens?

(…)estão parecendo aqueles leões bem alimentados, cansados da caçada, e que ficam de barriga pra cima sob a sombra de uma arvorezinha durante o dia todo.

Faz tempo que ando com isso na cabeça. O pensamento vai e vem sem se formar direito, provavelmente porque não quero entrar nessa conversa sexista de que homens são assim, mulheres são assado…

Mas, então, o pensamento que me vem e vai sem se concluir direito é o seguinte: afinal, o que é que está acontecendo com os homens? Digo homens, homens, isto é, machos da espécie, não homens no sentido de humanidade. O que será que eles estão esperando (esperando, esperando, esperando), da vida? A julgar pelo que tenho visto, e acho que não estou vendo sozinha, parece que, no depender dos moços, a espécie está condenada à extinção…

Todo mundo já deve ter assistido àqueles programas sobre os leões africanos, aqueles que passam no NatGeo ou no Discovery até a exaustão… Pois é, assim fica mais fácil ilustrar: estes moços de quem estou falando estão parecendo aqueles leões bem alimentados, cansados da caçada (que, na verdade, tem muito mais de esforço das fêmeas do que deles próprios), e que ficam de barriga pra cima sob a sombra de uma arvorezinha durante o dia todo. Moços satisfeitos em sua própria existência, plenos por si só.

E com o mesmo comportamento em todo lugar: no trabalho eles fazem pose na frente do computador como se de seu único trabalho dependesse todo o PIB do país, e passam um tempão, muito, muito tempo ali (acaba dando até uma ternura, ou raiva da pose e da morosidade!); em casa, a maior parte de nós sabe como é, aquele refastelar de ossos e músculos — às vezes, acompanhados de muitas dobrinhas — onde quer que se acomodem… Não é exatamente a imagem dos leões da Savana? E se vão paquerar, que era onde eu queria chegar quando falei em extinção da espécie, por favor, nunca vi nada tão parado!

Falta atitude?

Falta atitude?

A moça e o moço estão em um bar bacaninha. Ela com poucas amigas, ele sozinho ou com outro amigo. Ele olha pra ela, ela olha pra ele. Depois de algum tempo eles sorriem um para o outro. Ela se alegra, certamente ele vai chegar à mesa. Mais um sorrisinho mútuo. Muito bem, depois de duas horas de risadinhas, ela pede um suco de laranja, afinal, já está ficando de porre naquele vai-não-vai. Ele continua com o olhar 43 e mais risadinhas simpáticas, mas… Nada. Nada de se levantar da mesa (nem pra fazer xixi!), nada de passar perto da mesa dela, nada de mandar um recadinho pelo garçom, nada de nada!

Isso não é excepcional! Acontece com muita frequência. Minhas amigas — todas bonitas, bem informadas e educadas — eu mesma, e as moças que me leem podem confirmar. E nem adianta a gente tomar a iniciativa: o “rei da selva” é bem capaz de bocejar de enfado. O pior é que como este tipo de comportamento se repete, a gente acaba se sentindo meio bobona, do tipo: “credo, onde é que eu estou errando? ”

Em Antropologia (gente, não vou fazer um trabalho acadêmico aqui, é uma leitura bem simplória…), pois bem, em Antropologia costumamos identificar dois estados humanos, o da Natureza e o da Cultura. Na Natureza as ações são praticadas por instinto, isto é, são ações “cegas” porque não conhecem sua própria finalidade, a gente faz, porque faz, sem nenhum projeto consciente, instinto mesmo. Na Cultura, costuma-se dizer que a ação resulta do pensar, isto é, a gente transforma a situação com a intenção de chegar em algum lugar.

Perdido ou indefinido?

Perdido ou indefinido?

Então, às vezes sinto que quanto mais as mulheres fazem projetos, preparam-se para buscar um fim, um sentido em suas ações, mais os moços se acomodam em um mundo sem desígnio, sem propósito — e sem iniciativa.

E quando se trata de romance, de encontro, a coisa é bem mais complicada porque se eles se mantêm prioritariamente no mundo do instinto, seu ideal é o sexo, que é muito bom, mas é só um fragmento do todo. (Por outro lado, se nós acabamos nos mantendo prioritariamente no mundo dos projetos, nosso ideal é a convivência, o que também pode criar outro horror: o das malucas pelo casamento. Mas sobre nós a gente fala depois…) A coisa toda é que, no fim das contas, precisamos chegar a um ponto comum que transforme instinto em propósito, desejo em civilização, natureza em cultura. Um ponto qualquer que chacoalhe os moços e os transforme em homens-homens.

Por fim, é claro que as generalizações são um risco, e que há exceções. Não quero cometer qualquer injustiça contra os milhares de caras bacanas que andam por aí: nossos namorados, maridos, os pais de nossos filhos, no entanto, com estas energias tão diferentes entre homens e mulheres, nada de bom pode advir.

Ah, e sim, se este artigo parece ter saído da criação de publicidade do desodorante Old Spice, não, não saiu. Mas não se engane: a propaganda percebe algumas coisas bem antes da gente comum…

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